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Por Eduardo Pedrosa Marques

Os problemas que os cegos enfrentam no acesso à cultura estão esta quarta-feira em debate na Casa Municipal da Cultura de Coimbra.

José Guerra, responsável pela leitura Braille na Biblioteca Municipal de Coimbra, e principal mentor desta Conferência, referiu os objectivos deste evento, dando conta também das diversas barreiras com que os cegos se deparam no seu dia-a-dia:

- O principal objectivo é sensibilizar o público para que possam ser criadas condições de acessibilidade aos deficientes visuais, neste caso concreto da cultura. Há quase 63 mil cegos em Portugal, e a nossa superação também depende muito dos apoios que temos. Julgo que as experiências que hoje aqui trocarmos podem ser colocadas em prática no futuro. Deparamo-nos diariamente com barreiras psico-sociais, uma vez que as pessoas reagem por não estarem informadas devido à falta de divulgação. Também existem barreiras arquitectónicas, muito por culpa das dificuldades financeiras que atravessamos. Ainda assim, há autarquias que se distinguem pelas boas práticas.

Nos temas abordados na sessão matinal, destaque para a participação de Josélia Neves, professora universitária, que abordou a acessibilidade da arte para os invisuais: «O acesso das pessoas com cegueira à arte é baixo. Nos museus, por exemplo, a cultura da arte é intocável, não permite que os cegos possam utilizar o tacto, o que leva automaticamente à exclusão. Por outro lado, o teatro, a dança, a ópera, a música, são acessíveis porque são audiovisuais. Toda a arte obriga à conjugação de vários sentidos, sendo que o nosso sentido mais íntimo é o sentimento. Cada vez mais estou convencida que há arte para todos.»

Na vertente digital, saliência para as apresentações de Jorge Fernandes, sobre a informação ao alcance dum clic ou de uma tecla de atalho e de Alice Ribeiro, sob o tema Cooperação para partilha da Informação. A responsável pelo Serviço de Apoio ao Estudante com Deficiência da Universidade do Porto destacou que «todos nós podemos ser agentes de acessibilidade, temos é que saber utilizar essa informação».

Através da BAES (Biblioteca Aberta do Ensino Superior), Alice Ribeiro fez questão de focar que «deve haver uma rentabilização dos recursos, e que o acesso à informação se deve multiplicar a nível nacional com postos de acesso devidamente equipados para servir utilizadores com diferentes necessidades».
 
 

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